Após o abandono eis que retorno....acompanhada por um dejavu dos tempos de infancia e adolescencia em que tentava incessantemente compor um diario e me frustrava diante da minha falta de disciplina e mesmo da minha alta dose de distração...
Hoje alem desses motivos os meus inumeros compromissos academicos tambem me distanciam da documentação da minha subjetividade, mas as férias estão aí!E apesar de outros compromissos surgirem com ela, é inegavel que me sobram mais momentos de ócio e consequentemente planos de mais caracteres neste blog!
Ha muito para falar sobre todas as coisas....
E vamos lá...apertem os cintos e lá vamos nós...

A cada dia sinto que um pedaço de mim abandona sua cama ...
Aos poucos vou existindo novamente pra mim sem a necessidade de que isso se confirme nos seus olhos e minha boca já consegue pronunciar algo que não o seu nome.Meu lençol ainda é grande, mas a ausência da luz me conforta e meu corpo já não se sente tão só...minhas lágrimas tratam de levar para ontem aquilo que um dia eu quis para amanhã...
A efemeridade se faz clara e tudo faz sentido....ou pelo menos o máximo de sentido dentro do sentir...

O despertar do desejo é realmente algo curioso...

Tem dias que a vida parece querer nos mostrar que ela possui uma mágica que beira a poesia, ou pode ser também que sejamos nós que acordemos poetas e façamos da vida nossa matéria prima por um dia, mas o fato é que parece que por algumas horas jogamos fora a lente viciada com a qual olhamos o mundo e em nossos olhos surge um quê de vislumbre infantil diante das belezas simples, efêmeras e as vezes até comuns que nos passam à frente.

Nos dias em que isso acontece é necessário fazer-se atento para contemplar e sentir o mundo da forma mais intensa que se pode fazer, é quando as flores parecem mais coloridas, o pôr-do-sol grita egocêntrico diante de nós e a lua nos seduz como que implorando por ser alvo de nosso amor platônico.E nos sentimos vivos!

Devemos aproveitar pois como tudo o que é intenso, normalmente dura pouco e deixa saudades ....e a fatalidade disso deve nos tornar ávidos em sugar nossa própria vida refletida nesses instantes, pois muitas vezes eles serão o chico buarque do nosso domingo a tarde ou da nossa rejeição.

Esses momentos podem ser espontâneos ou desencadeados....mas a única certeza é incerteza de sua ocorrência...pelo menos no que tange a vida de uma flor cubista.

Problemas/soluções de pontuação

O que me faz escrever novamente?
Talvez seja a ânsia de compreender algo que ainda não sei ou talvez apenas um encontro desinteressante marcado com Bolívar do qual quero fugir...
O fato é que cada vez que escrevo me livro dos três pontos em que me resumo...por mais que não passe mais que uma frase sem ultiliza-los...
Lembro-me de certa vez, uma pessoa, uma conversa...."pq vc usa tanto três pontos?!?!"..."pelo mesmo motivo que você muito usa as exclamações..."...."Vc é muito implicita, me assusta,gosto de certezas!!!"....."Posso implicitar certezas...enquanto você pode exclamar incertezas..."...e eis que nesses momentos o silêncio se fazia presente e tudo passava a acontecer dentro de nós...
Talvez o que ele procure hoje são as certezas que não sentiu, mas o fato é que jamais me farei aposto...jamais me explicarei entre virgulas....por mais que ele exclame..por mais que o ponto de interrogação se faça presente entre nós...e eis que percebo que o que nos resta é somente o ponto final.

"Quem não compreende um olhar,
tampouco compreenderá uma longa explicação..."

(Mario Quintana)

Gosto de andar sem rumo...só....
Sem ninguem para indicar a duração, velocidade ou direção do meu caminho..
Meu ser se confunde em rostos,meus traços se forçam e minha mão se caleja, enfim absorvo o mundo..
Suas dores, suas cores
Me ferem, me pintam..
Um mata borrão em forma de alvo
E no ouvido algo de Cartola...

Durante o dia me esforço para não transparecer o que a noite deixo transbordar , muitas vezes se torna impossível e até cortadores de frios percebem que a ausência dele me faz triste.Uso sorrisos para esconder olhos que apesar de não conseguirem chorar gritam por socorro diante do abandono, pois se minha boca obedece ao meu orgulho, meus olhos não têm medo de denunciar meu sentimento vampiro...